06 julho 2008

GNR + GNR

Sê um GNR!
Estádio Cidade de Coimbra, 04.07.2008

foto: Ricardo Jerónimo

Pode ter começado por uma ideia à volta de uma mesa de café, mas foi, de facto, uma boa ideia. Juntar, no mesmo palco, o Grupo Novo Rock e a Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, foi (mais uma) tirada de mestre de Rui Reininho, Jorge Romão e Toli César Machado.

Depois do Pavilhão Atlântico, em Abril, foi agora a vez de Coimbra chamar a si, por altura das Festas da Cidade, o espectáculo GNR + GNR. Espectáculo que pode ter sido o último visto que, em conversa com Jorge Romão e Toli César Machado após o concerto, nos foi confessado que é um concerto com uma logística muito complexa e, portanto, difícil de contratar. Nem a autarquia do Porto mostrou interesse em promovê-lo, com grande pena para a banda originária da "Invicta".

O Estádio Cidade de Coimbra abriu as portas às 20h prometendo "animação" até ao início do concerto, marcado para as 22h. Animação que consistiu em 3 grande balões publicitários, um grupo de tocadores de bombo e gaita de foles e a música do italiano Zucchero nos altifalantes. Foi este ambiente que deu as boas vindas ao público que, lentamente, acabou por encher o topo sul do Estádio. Público de todas as idades e muito diverso. Casais de meia idade, avozinhos, adolescentes, criancinhas e também, claro, "pessoas normais". Todos, de uma maneira ou de outra, seguidores de uma banda com quase 30 anos de carreira.

E foram esses quase 30 anos que o alinhamento escolhido reflectiu. Desde pérolas da primeira fase da carreira, dedicadas aos fãs mais fiéis, como 'Espelho Meu', 'Hardcore (1º Escalão)' e 'Bellevue', às mais recentes 'Popless', 'Tirana' e 'Quero que vá tudo para o inferno', passando pelos inevitáveis clássicos 'Efectivamente', 'Morte ao Sol', 'Pronúncia do Norte', 'Sub-16' e, claro, 'Dunas'. Terão faltado muitas, mas uma seria especialmente apropriada: 'Sê um GNR'. No entanto, o receio de ferir susceptibilidades levou a banda do Porto a deixá-la de fora, apesar de esta ter sido uma das escolhas preliminares do Maestro Jacinto Montezo. Ele que dirigiu os 120 elementos da Banda Sinfónica da GNR que incluiam uma senhora que, quando não estava ocupada com a sua flauta transversal, cantava religiosamente todos os refrões. A Banda acompanhou a maioria dos temas com arranjos competentes e teve também a seu cargo alguns interlúdios instrumentais que faziam lembrar bandas sonoras como 'Star Wars', 'Indiana Jones' ou um qualquer clássico da Disney.

Rui Reininho esteve particularmente sossegado no que diz respeito à sua acidez natural, talvez tendo em conta o facto de ser o 'frontman' de tamanha responsabilidade. Ainda assim, não deixou de imitar os gestos elaborados do Maestro e de salpicar as letras, como faz habitualmente, com novos elementos. Jorge Romão, baixista absolutamente energético foi o que mais vezes se aproximou do público através de uma avanço do palco desenhado para o efeito. Finalmente, Toli César Machado, o único membro dos GNR originais (antes baterista e posteriormente guitarrista) foi o mais contido, como é seu timbre. Uma última palavra para os convidados que os acompanharam na bateria, na guitarra e nos teclados, excelentes músicos e de uma enorme simpatia que se estendeu até um conhecido café numa esquina da Praça da República.

Podia ter sido enfadonho, ou até mesmo decadente. Podia ter sabido a pouco. Podia não ter resultado. Mas, a verdade, é que resultou. Viva a GNR!