26 maio 2008

Scarlett Johansson

[Anywhere I Lay My Head . Atco Records . 2008]













É difícil combater o preconceito: mais uma cara bonita que pensa que sabe cantar e que sempre quis gravar um disco... Esta será a reacção de muito boa gente à notícia de que Scarlett Johansson se lançou na gravação de um álbum.

Mas se inicialmente é o preconceito que prevalece (associado à curiosidade que o universo das 'celebridades' arrasta consigo) com a audição de Anywhere I Lay My Head cresce o sentimento de estranheza.

Estranheza que pode originar uma imediata recusa ou sentença definitiva. A mesma estranheza, no entanto, que geralmente envolve a primeira audição de grande discos que se vão assimilando e redescobrindo a cada audição.

Desde logo, Scarlett tem o mérito de se saber rodear. Para a produção chamou Dave Sitek dos TV On The Radio, que por sua vez convidou Nick Zinner, guitarrista dos Yeah Yeah Yeah's, Sean Antanaitis dos também nova-iorquinos Celebration e ainda o incontestável David Bowie, que canta em Falling Down e Fannin Street.

O disco é uma homenagem ao seu compositor de eleição, Tom Waits, mas apesar dessa premissa eventualmente redutora, Scarlett consegue não fazer um disco 'óbvio'. As escolhas das músicas é criteriosa e a sua sonoridade reveste os esqueletos de Waits com várias camadas de shoegaze (percebe-se agora a sua aparição em palco com os The Jesus and Mary Chain, no Festival Coachella há cerca de um ano). A excepção às composições de Waits chama-se Song For Jo, escrita pela própria Johansson e por Sitek.

Editado no início de Maio, pela Atco Records, Anywhere I Lay My Head apresenta uma Scarlett Johansson de extremos: doce mas áspera, insegura mas atrevida, soturna mas luminosa.

Primeiro estranha-se, depois...
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