20 novembro 2008

A indie-folk também sua.

Jonquil
Mercado Negro . Aveiro
23 . outubro . 2008


Há umas semanas os Jonquil tiveram de tomar uma decisão: no dia 23 de Outubro podiam voltar a tocar na Polónia ou ir a Portugal. Olharam para o mapa e, segundo eles, não foi difícil decidir. Claro que disseram que não estavam arrependidos com a escolha, até porque tinham comido o melhor bife das suas vidas...

Na quinta-feira foram recebidos pelo Mercado Negro, espaço em Aveiro que tem acolhido, nos últimos tempos, nomes muito interessantes do universo indie nacional e internacional, como Scout Niblet, Nancy Elizabeth, Diane Cluck e Old Jerusalem. Num mini-auditório (tipo de espaço a que já estariam habituados pois este projecto, tal como muitos na actualidade, nasceu num pequeno quarto) que acolhia cerca de 80 pessoas, a banda inglesa liderada por Hugo Manuel (sim, isso mesmo) deu um concerto que se ficou pela hora de duração e onde tocou maioritariamente o seu segundo disco, 'Lions', editado no ano passado, que sucedeu a 'Sunny Casinos', do qual não tocaram nenhum tema. Um dos destaques foi a apresentação de novas faixas (Parasol, Night Time Story, The Weight of Lying on Your Back), incluídas no EP 'Whistle Low', lançado recentemente.

Durante o concerto, os Jonquil estiveram no interior de um triângulo formado por Beirut, Clap Your Hands Say Yeah e Arcade Fire. Nomes como Timber Timbre ou The Accidental ficaram de fora pois este concerto não explorou o lado mais introspectivo patente no album 'Lions', o LP que lhes deu algum destaque. Este terá sido, talvez, o único aspecto a apontar à banda de Oxford: num espaço tão pequeno e intimista teriam funcionado na perfeição momentos mais calmos, em que nem todos os elementos da banda tivessem de intervir. Das poucas vezes que tal aconteceu o ambiente criado foi sublime. Optaram, no entanto, por um concerto mais enérgico em que até músicas mais calmas, como 'Pencil, Paper' foram interpretadas com uma urgência contagiante. A vontade e o gosto por tocar estavam bem patentes nas caras e nos poucos movimentos permitidos num palco tão exíguo preenchido por seis rapazes, em que cada um tinha à sua responsabilidade, pelo menos, dois instrumentos.

No final, a sensação era a de ter assistido a um momento musical precioso, reservado aos poucos que cabiam na sala, e capaz de nos fazer acreditar cada vez mais no sucesso deste tipo de bandas, deste tipo de espaços, deste tipo de eventos. Nos dias seguintes os Jonquil iriam até ao Porto e a Lisboa, antes de partirem para Espanha. Em Aveiro deixaram o sabor a magia.

'Pencil, Paper'

'Lions'

Foto e vídeos: Joana Corker